terça-feira, 30 de agosto de 2016

O céu aqui tão perto...

O céu deita-se connosco e connosco se levanta e, nesse espaço entre os dois, sempre nos abraça.
Ainda que pareça que a cair se esteja, ele é almofada que nos ampara e beija.
Não estamos sozinhos...
Porque o céu é aqui tão perto!

marília silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
    Fotografia: Francisco Teixeira - https://www.facebook.com/ft.momentosdigitais/?fref=ts








Saudável loucura...

É o gesto sincero e improvável

O olhar que lê e que quer ler
A explosão de alegria, adorável,
O passo de dança nesse saber

É conhecer ao longe o teu perfume

E sentir a pele arrepiar
É sentir o chamamento do teu colo
E deixar-me por ele abraçar

É ouvir a tua voz em sussurro

E deixar-me levar por essa canção
É querer no teu corpo renascer
Ser luz, melodia e paixão

É tocar de mansinho os teus cabelos

E neles desenhar carícias
É dar-te a mão suavemente
E dos dedos florirem estrelícias

É, enfim, um querer muito que me habita

E que dança no brilho do teu olhar profundo

Saudável loucura, é minha, é tua!


marília silva


© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
    ( Imagem: @ internet)




segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Guitarra...
Naquela tarde cinzenta, desci a rua fria da baixa da cidade. Acendi um cigarro, entre tantos já fumados, e inspirei profundamente numa vã tentativa de queimar a dor, calar o amor.
Ao fundo da rua, um homem sentado, cabelo desalinhado e rosto cansado, tocou na guitarra a música das nossas vidas.
Desci e gelou-se o sangue... parei e fiquei embalada nessa melodia de (des)encantamento.
Trauteei, por entre as lágrimas, as palavras que outrora foram nossas.
O homem, atento, ainda que cansado, fez-me um sinal com o olhar, dizendo "chega-te, acompanha-me"...
A medo, timidamente, aproximei-me e sentei-me. Da minha pequena voz saíram sons que se mesclaram nos acordes de quem, com mestria, tocava.
Naqueles breves instantes o mundo parou e apenas a poesia da música se fez sentir e ouvir... fui feliz, ainda que triste.
O homem, agarrou-me a mão, levantou-me do chão e, em silêncio, levou-me a contemplar o rio... sobre ele as luzes da cidade pois, entretanto, anoitecera.
Num misto de saudade e alegria renasceu a vontade de gritar ao mundo que estava viva.
Do momento se fez música, da música se fez alimento.
Hoje acordo nos braços dessa guitarra!

Marília Silva

Todos os Direitos de Autor Reservados
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terça-feira, 2 de agosto de 2016




...de repente uma sensação,
uma vontade de ti, de nós...
Agarro-te a mão, olho-te nos olhos e deixo que me leias.
Beijo-te o rosto, os olhos, o queixo, o pescoço.
Lábios nos lábios dá-se o abraço que se intensifica nas línguas que se enlaçam.
Olhamo-nos...
Escreves-me no corpo O Poema que é nosso e, eu, eu leio o alfabeto do teu corpo, 
as vírgulas e os parágrafos, dançando e sorrindo nos suspiros e abraços dessa melodia...

marília silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
    ( Imagem: @ internet)













terça-feira, 19 de julho de 2016


O Poema

Mesclam-se as cores nos corpos que se fundem
E na fusão do suor e do perfume
Escreve-se O Poema

Pinta-se na tela estendida no chão, 
Desenham-se e pincelam-se com os dedos da alma, os lugares visitados,

os manjares e os néctares degustados
...escreve-se O Poema

Faz-se da vida canção 
Do colher da flor, filha do Sol, oração 
E da melodia trauteada a dois pela calçada, religião

- o que (re)liga ao Divino -

Semeia-se na terra o que no céu se escreve
Rega-se com ternura e tempera-se com beijos de sal e amor
...escreve-se O Poema

Nasce o Pão 
Fecham-se os olhos para ver
Escutam-se os silêncios para saber...
"São rosas, Senhor, são rosas!"

Ouve-se a Música, sente-se o seu falar
Ao seu ritmo, entrelaçam-se os corpos nus, 

dança-se no cosmos, dá-se a magia...
É-se Luz

e escreve-se O Poema!


marília silva


© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
    ( Imagem: @ internet)




quarta-feira, 13 de julho de 2016









marília silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
    ( Imagem: @ internet)

terça-feira, 12 de julho de 2016


Escuta (me)


Escuta, 
Escuta o silêncio do mar
Escuta (me) nestas águas serenas que te vêm falar

Sabes, 
Toco de mansinho a areia que me espera e, nela,
escrevo meu corpo e meu coração... bem devagarzinho

Sob o luar que me guia e indica o caminho,
abro o olhar e espraio-me em abraços,
como se os grãos de areia fossem colos e regaços

Deito-me nessa almofada bordada de conchas
Olho o céu e sinto a lua
Morrem ilusões, fica a essência, a verdade, nua!

E, assim, esperando o dia nascer de mãos dadas com o mar,
sinto os meus pés (raíz) na areia molhada e minha alma livre,
qual pássaro a voar

... e renasço nesse amanhecer!


marília silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
   Fotografia:   Rui Santos
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