terça-feira, 31 de maio de 2016


Estilhaços

Caminhas nos trilhos da tua existência
Nas ruas e vielas vestidas de escuro
Perdes-te dos teus sonhos, do teu nome e vagueias pelo mundo
Segues, como estranha, no uso e abuso de ti
Menina que foste e que perdeste, lá, no virar de uma página (suja)
do livro que não te deixaram escrever;
Hoje, fantasma da mulher que desenhaste no sonho de uma melodia,
cansas-te no "descanso" de um final de dia
Longe de tudo, do amor e de ti, és grito mudo,
silêncio que corta num rasgar profundo!

Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)





segunda-feira, 30 de maio de 2016

HOMEM

Cobre-nos um manto de Luz.
E, sob nossos pés, o cheiro da terra
sustenta o nosso existir na matéria.
Dos fios de Luz que se enlaçam, uma mão se abre,
indicando-nos delicadamente o caminho do SER.
Mas, tantas vezes, não vemos
Pois, outras tantas, não SOMOS!

Homem!
Que fizeste dos teus braços que se fecham sombrios e sós?
Onde escondeste o olhar de menino que outrora viu e sentiu?
Que fizeste das tuas asas que não voam?
Onde estás que não te vês e não te encontras?

Perdeste-te de ti, nos trilhos e batalhas do poder...
Nos percursos sinuosos do ter...
Nos demónios escondidos do parecer...
Esqueceste-te de brincar, de sorrir para a flor, de beijar o mar e
agradecer.

Homem!
Centelha de luz, pedaço de céu!
Em ti reside a melodia da transformação...
Ama-te e observa...

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)






sexta-feira, 27 de maio de 2016

Olho-te demoradamente…
Perco-me e, ao perder-me na luz do teu olhar
e na beleza e candura do teu sorriso, encontro-me.
Olho-te mais um pouco e sinto-me inteira, 
póro por póro, célula por célula e, nesse sentir,
vejo claramente a minha alma replecta de energia
e o meu coração a pulsar de amor e alegria.
Olhas-me demoradamente e,
com um pouco de timidez,
dou-te o meu sorriso franco
(de que tanto gostas)
que te fala o que só o silêncio sabe falar.
Olhas-me e rendo-me!
Não dá para fugir ou, tão pouco, dizer que não
porque é SIM o que diz o meu coração.
Olhamo-nos e, nesse olhar,
fazemos Amor e ficamos, assim,
levitando em plenitude.
Olho-te demoradamente e fico, apenas fico...
Demoradamente!

Marília Silva
©Todos os direitos de autor reservados nos termos da Lei 50/2004 de 24 de Agosto
(Imagem: Internet)



Não te tenho escrito...

Não te tenho escrito
com palavras desenhadas
sarrabiscadas, pintadas, 
pelos dedos da minha mão

Não te tenho escrito
as rimas dos poetas
a prosa dos escritores
as letras melódicas dos compositores

Tenho-te escrito com silêncios
com os meus olhos nos teus
com o alfabeto da alma
Luz do sol, poemas meus

Tenho-te escrito, porventura,
com a caneta divina
com a sua escrita fina
de cor, amor e ternura.

Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)





quarta-feira, 25 de maio de 2016

Amanhece e, na claridade do dia que nasce, desperto
Com as minhas mãos, qual ritual a que os dedos se afeiçoaram, procuro-te
Ainda abraçada pelo sonho da noite, sussurro-te um doce bom dia

Silêncio... vazio...

O aroma da tua pele perfuma o espaço
E a almofada onde outrora repousavas é o meu abraço
Degusto o café da manhã e acendo um cigarro... (é cedo, bem sei)
Em frente, uma cadeira à espera de nada
Fecho a porta, não olho para trás
Lá fora, à minha espera, uma voz que me chama

- Já vou, não te apresses...
A vida ainda agora começou!!

Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)




Trazias nos teus braços a Manhã
E nos teus olhos a música, a poesia
Mas que mais havias de oferecer-me,
Que não fosse o doce sabor da magia!?

Trazias nos teus lábios o segredo
Que deixaste ternamente desvendar
Mas que mais me poderiam trazer,
Que não fosse a terra, o sol, e o mar!?

De mansinho deitaste-te no meu abraço
Num gesto terno, alegre e profundo
No teu corpo renasci como a manhã,
Na tua alma redescobri o meu mundo.

Colheste a Madrugada nos meus olhos
E dela fizeste o Sol da nossa vida,
Dei-te o amanhecer dos meus sentidos
E a Mulher outrora adormecida.

Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)




terça-feira, 24 de maio de 2016

Hoje escrevo-te silêncio
(para que escutes)
E palavras sem letras
(para que as desenhes)
Deixo-te estrelas luzentes
(para que vejas)
E o meu coração ardente
(para que sintas)
Dou-te a beleza da flor
(para que a contemples)
E o perfume do vento
(para que vivas)
A música do meu amor
(para que voes)
E a dança do firmamento
(para que sejas)


Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)





segunda-feira, 23 de maio de 2016



Marília Silva - Sarrabiscos
Livro objecto. 2015. Artelogy


http://www.artelogy.com/






Que fizemos?

O que foi que fizemos das palavras, dos beijos e dos abraços?
Que fizemos com os sonhos, com o caminho de luz, com a alma dos nossos laços?
Para onde foram as notas musicais da guitarra que tocavas?
Que fizemos das vezes que dissemos "ilumina-me"?
Das noites saboreadas e brindadas pelos beijos e néctares divinos?
Dos braços das manhãs, dos corpos entrelaçados, das almas unidas, das mãos dadas?
Que fizemos nós do tudo e do nada?
Do cosmos, da lua, do sol, da vida minha na vida tua?
Que fizemos, que me sinto nua!?
Que fizemos...?
Que fazemos...?
Que faço...?

Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @ Pinterest) 







Procuro-te...

Procuro-te nos gestos e olhares de quem passa
Nos cantos, nas ruas, nos passeios e lugares
Procuro-te no visível, na esperança que os teus olhos se cruzem com os meus
Que os teus lábios sorriam para os meus
Que os teus braços se abram para os meus
Procuro-te na esperança de que, no abraço que esperamos, me digas,
"estou aqui, sempre estive e estarei" e num beijo terno e doce me
digas o que, nestes longos dias, tens calado...

Procuro-te no sol que me aquece
No vento manso que me acaricia
Na água do mar que me fala
No cantar do pássaro que me segreda
Na aparente inércia da pedra que me toca
Na terra que me sustenta
No aroma das flores que me perfuma
Na música que me eleva
Na dança que desenho
Nas palavras que pinto

Procuro-te e encontro-te...

Encontro-te nos meus olhos, no meu sorriso, nos meus lábios, na minha pele
Encontro-te na nossa cama, no nosso sofá, na nossa mesa
Encontro-te ao amanhecer, ao anoitecer, a todos os segundos dos dias que passam
Encontro-te no reflexo do espelho, na toalha do banho, no cheiro da roupa lavada
Encontro-te em mim, no meu respirar…

Procuro-te e encontro-te no meu coração e na minha alma

E tu, também me procuras?
Ainda me encontras no trono do teu coração?

Quando vens?
Demoras?

Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)





sexta-feira, 20 de maio de 2016

Imaginei…

Imaginei os teus olhos reflectidos nos meus
E as minhas mãos entrelaçadas nos cabelos teus
O teu sorriso, belo, a sorrir no meu
E o nosso beijo a falar a linguagem de Deus;
Imaginei-nos de mãos dadas e pés descalços
E os nossos corpos desenhando abraços
Imaginei-me no teu colo de homem feito
Adormecendo embalada pelo teu coração;
Imaginei-te a brincar nos meus caracóis
E a renasceres no leito da nossa paixão
Imaginei-nos nesta viagem que é viver, amar e ser
Imaginei-nos num jardim a florescer!


Imaginei-nos… ou será que não?!


Marília Silva

©Todos os direitos de autor reservados nos termos da Lei 50/2004 de 24 de Agosto
(Imagem: Internet)






Gosto de palavras... das escritas e faladas
Das faladas e iluminadas pelo olhar
Das escritas pelos dedos da alma
Gosto de palavras desenhadas no silêncio
No tempo que pára, na cumplicidade que baila,
Na simbiose dos espíritos que voam
Gosto de palavras que nascem nas atitudes,
Nos gestos, nos sorrisos de lágrimas, nos risos da pele
Gosto de palavras... das nossas palavras
Do nosso alfabeto que na pauta vai compondo a mais bela das melodias
Gosto de palavras... das tuas palavras...

Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)




quinta-feira, 19 de maio de 2016

A porta estava entreaberta… “ouviu-se” um toque e fui ver.
Abri e deixei-te entrar…
Recostaste-te confortavelmente num lugar que só quem sente pode ver.
Servi-te um sorriso e acompanhei-te saboreando e bebendo as palavras vindas de ti.
“Põe-te à vontade”, disse-te eu e, com o olhar, pedi-te aquela cor que faltava a este dia.
Sem te aperceberes, pintaste um arco-íris no céu da minha alma.
Deixei-me levar pela música que compões com a emoção e fiquei suspensa nessa melodia.
Deixei-te entrar… (re)conheci-te, reconhecendo-me.
A porta está aberta…
Entras?

Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)



Hoje sonhei-te…
Sonhei-te num caminho de flores e de sol,
Que se vai fazendo e descobrindo
Sonhei-te num beijo sussurrado
Sonhei-te e sonhei-me, sonhando-nos
Nesta troca de abraços que são as palavras
Sonhei-te num toque de mãos ansiado
Num olhar trocado e saboreado
Sonhei-te, sonhando-nos…

Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)




quarta-feira, 18 de maio de 2016

Abraças-me, como quem abraça a vida e das tuas mãos surge um bailado sensual que escreve poesia.
No balancear do teu corpo e na dança dos teus dedos, (re)nasces e fazes Amor.
"Toque" perfeito, como brisa suave que beija uma flor.

Abraças-me, como quem abraça o ser amado e dos teus braços fazes abrigo, doce regaço.
No calor da tua voz, falas silêncios e calas palavras, cantas estrelas, desenhas estradas.

Abraças-me e na candura do teu olhar guardas mistérios a desvendar.
Conchas cintilantes que sorriem ao desabrochar.

Divina fusão de sons, sintonia da Luz, Sol e Lua.
Alquimia do Mestre, transparente, alma nua.

Falo-te... falas-me, com a linguagem do coração e, no intemporal abraço, eternizas paixão!!

Marília Silva

© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: @Pinterest)



Sentei-me no banco do nosso jardim
e vi as flores sorrirem pra mim.
As flores que são minhas, minhas e tuas,
e que nas mãos, com amor, seguras.
No nosso jardim, de inebriantes perfumes,
dançam borboletas ao som dos batuques!
Sentei-me no banco do nosso jardim
e vi os teus olhos sorrirem pra mim.
São mil luzinhas e mil palavras,
são pirilampos nas minhas madrugadas.
São cobertor nas minhas noites frias
Manto de amor que ilumina os meus dias.
Sentei-me no banco do nosso jardim
e vi nas flores o reflexo de mim!

Marília Silva
© Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 Agosto.
(Imagem: Pinterest)